PODODERMATITE PLASMOCITÁRIA FELINA: RELATO DE CASO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA

  • Autor
  • Augusto Ramos Saar
  • Co-autores
  • Ana Maria Laurindo Portella , Anna Carolina de Souza Campos , Cecilia Torres Alves , Luana da Silva Costa , Priscilla Nunes dos Santos , Vivian Bertolozzi Ramacciotti
  • Resumo
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    A pododermatite plasmocitária felina é uma inflamação rara dos coxins plantares de gatos. Ela é caracterizada por infiltração de plasmócitos, hipergamaglobulinemia e possui boa resposta aos corticosteroides, sugerindo origem imunomediada. Afeta principalmente os coxins metacárpicos e metatársicos, que se tornam aumentados, suaves e esponjosos, podendo evoluir para ulceração, sangramento, dor, claudicação e, em casos mais graves, acometer outros órgãos, como rins e cavidade oral. Não há predileção por idade, sexo ou raça. O diagnóstico costuma ocorrer tardiamente, muitas vezes quando já há lesões crônicas, sendo a biópsia o exame de escolha para confirmação da suspeita inicial. O reconhecimento precoce é essencial para instituir o tratamento adequado, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos animais acometidos. É importante que o veterinário esteja atento, mesmo a casos iniciais de inflamação ou aumento homogêneo dos coxins. Neste relato, um gato semidomiciliado apresentou aumento progressivo de volume inicialmente no coxim palmar esquerdo, que, ao longo de seis meses, acometeu também os coxins palmar direito e plantar direito. A tutora relatou apetite normal, pouca ingestão de água e um episódio prévio de hematúria. Na avaliação clínica, observavam-se nódulos circunscritos de até 3,5 cm de altura por 3 cm de diâmetro, escore de condição corporal 2/5, queda acentuada de pelos. Optou-se pela realização de exames de sangue e urina que evidenciaram anemia normocítica normocrômica e cistite bacteriana (bacteriúria), com sorologia negativa para FIV e FeLV. Inicialmente, o animal foi tratado em um serviço veterinário com ciclosporina, meloxicam, sulfadiazina de prata e, posteriormente, prednisolona. Porém, sem melhora significativa e com progressão clínica. Na chegada à Clínica da Universidade de Vassouras, o manejo envolveu o uso de analgésicos, polivitamínicos e antibióticos, incluindo cloridrato de tramadol 100 mg/ml, na dose de 2,5 mg/kg a cada 12 horas por 10 dias; prednisolona, 0,5 mg/kg a cada 24 horas; polivitamínico (Glicopan Gold®), 0,4 ml a cada 24 horas; banho em todo o corpo com sabonete antibacteriano; e uso de colar elisabetano, resultando em melhora parcial. Em seguida, foi realizada a ressecção cirúrgica dos nódulos com bisturi elétrico, associada à crioterapia (éter dimetílico, propano e isobutano) nas margens das lesões, além de orquiectomia. No pós-operatório, houve recuperação rápida, com redução progressiva das lesões, ganho de peso, melhora do estado corporal e normalização dos parâmetros laboratoriais. A prednisolona foi gradualmente descontinuada e a doxiciclina mantida por período prolongado. Um mês após a cirurgia, observou-se completa cicatrização, ausência de recidiva das lesões e melhora significativa da qualidade de vida. O exame histopatológico confirmou o diagnóstico de pododermatite plasmocitária felina, conferindo bom prognóstico pela ausência de recorrência. A combinação da ressecção cirúrgica com bisturi elétrico e a aplicação de crioterapia mostrou-se uma alternativa eficaz, acessível e potencialmente capaz de reduzir recidivas locais. Este relato enfatiza a importância de suspeitar da doença, mesmo em fases iniciais, para diagnóstico e tratamento precoces, fundamentais para minimizar dor, melhorar a locomoção e promover o bem-estar dos gatos acometidos.

     

  • Palavras-chave
  • Criocirugia, Coxim, Felino, Nódulos, Pododermatite.
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